14 Nov Vazio preenchido
A actualidade cansa. Construída a partir de uma selecção de pequenos acontecimentos a actualidade está só a preencher o tempo. As notícias relevantes não fazem capa, nem vendem jornais. Procuro o essencial, na língua em que me reconheço. Perante o ruído, escolho o silêncio.
A realidade ditada por uma teia de redes pouco sociais está a ser distorcida. A política vai perdendo para as politiquices, para o imediato, para o que choca. Os eventos sucedem-se e em tempo real são partilhadas as reacções. Este é o tempo da indignação sobre as pequenas coisas que se tornam grandes na comunicação social.
Num momento que podia ser já de síntese e reflexão sobre uma nova era, estamos adormecidos. Há que voltar à raiz, ao corpo, e ao que é natural. A mudança tem de estar dentro de cada um de nós, no dia-a-dia, todos os dias.
Quanto mais digital, virtual e tecnológico o mundo se tornar mais importantes são o sentir, a expressão e a diversidade. Cada palavra conta. Cada acção. Cada pausa. Não foi, não é e não será indiferente ser de esquerda ou de direita. E no centro não estará a virtude.
O mercado de trabalho vai continuar a mudar no sentido da desregulamentação. Se confiarmos na autorregulação vamos regredir civilizacionalmente e perder as conquistas fundamentais do século XX. Cem anos depois da revolução russa, a revolução tecnológica gerou novos czares que concentram o poder, enfraquecendo a democracia e a sociedade.
Faz-me falta a verdade. Um Estado mais forte e mais presente. Com a medida certa, nem gordo, nem magro. Um governo mais activo e menos reactivo. Uma esquerda de compromissos. Atenta à equidade. De combate à desigualdade e à precariedade. Uma geringonça mais oleada e menos deslumbrada.
Perante o ruído, escolho o silêncio.
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