15 Out O sonho (im)possível
Há cerca de um ano começava a desenhar-se uma solução para um governo há muito desejado por uma percentagem significativa dos portugueses. Para quem andou nas ruas em tempo de campanha a palavra de ordem era “entendam-se!!!”. Pois bem, no meio de acordos, compromissos e cedências chegou-se à solução (im)possível.
Com a morte anunciada a cada dia, o sonho vai-se perpetuando e a vaca, felizmente, insiste em voar. Agora, com o orçamento à porta, surgem as habituais e tentadoras medidas avulsas para responder às urgências de umas metas subjectivas.
Enquanto exigente sonhador penso que é ainda longo o caminho para que este governo consiga mobilizar aqueles que exigiram o entendimento. A solução tem de passar por uma maior coesão social, nesse sentido e em tempo de novo orçamento quero relembrar o artigo 65° da Constituição e sublinhar o Direito à Habitação.
Se no pós-25 de Abril a exigência era resolver o problema urgente de milhares de pessoas que viviam em barracas ou bairros de lata, agora a exigência deverá recair sobre o combate às desigualdades no acesso a uma rede de transportes e equipamentos públicos, sobre os desequilíbrios criados pela desregulamentação do mercado de arrendamento, sobre a criação de novas formas de financiamento dos programas de habitação social e de apoio a iniciativas locais e processos de participação.
A garantia do ‘direito à cidade’ que esteve na base de uma política pública de coesão social, iniciada há 40 anos, deveria ser uma prioridade para esta legislatura transformar o sonho em realidade.
Sorry, the comment form is closed at this time.