MINI CONVERSA POLITICA [I] SILVIA VASCONCELOS – Luís Galego

MINI CONVERSA POLITICA [I] SILVIA VASCONCELOS – Luís Galego

MINI CONVERSA POLITICA
Com SILVIA VASCONCELOS [um dos cinco elementos que integra o blog Vaca Voadora – https://avacavoadora.pt/] * o questionário está a ser aplicado por mim aos vários companheiros que encontrei no Vaca Voadora e pretende que os leitores (e eu) conheçam melhor o pensamento politico de cada um dos comentadores. Esta série de entrevistas inicia-se com uma política lutadora e médica veterinária que não vira as costas a um bom combate e até a uma entrevista algo provocadora como esta que assino.]

1. Gostaria que te apresentasses, de uma forma livre, em termos pessoais, profissionais e políticos.
Começa-se por uma pergunta difícil a remeter logo para a auto-análise? 
___ Nas três vertentes tenho denominadores comuns: persistência a raiar a teimosia; determinação e convicção pouco abaláveis – nem que seja por teimosia; interiorização profunda e até apaixonada de valores comuns às três vertentes – não é possível dissociar nenhum destes denominadores e individualizá-los em cada sector. Talvez isso me torne uma só pessoa, no trabalho, na política, na vida pessoal, orientada por um único fio condutor.

2. Por que é que és de esquerda?
___ Sou de esquerda porque não encontro qualquer justificação para a desigualdade e porque creio que esta deve ser abolida.
Convenço-me que o embrião de esquerda, em mim, curiosamente, se formou quando ainda era educada no cristianismo (catolicismo). Mesmo cedo interiorizei que “os homens eram todos iguais” e que a “fraternidade salvaria a humanidade”. Rejeitei, com o tempo, a omnipresença divina, mas com a literatura, na adolescência – russa, neo e surrealista, a mim cedida, e orientada, por um médico amigo, comunista – exaltei a Humanidade na sua dicotomia desconcertante entre o “melhor” e o “pior” da existência, mas assente numa perspectiva ética e humanista. Por outras palavras, passei a empenhar-me para rebater as desigualdades sociais, entre ricos e pobres, crendo que, sem se perder a individualidade, “unidos seríamos mais fortes” – fortes para progredir, para evoluir, para melhorar. Unidos para garantir a todos o direito ao trabalho condigno e justamente remunerado, à educação e à saúde, ao pão e à habitação, através da tributação dos que mais têm para acudir aos que mais necessitam.
2.1. Havia qualquer tradição na família neste sentido?
____ Não! Na minha família havia: apolíticos (como se tal fosse possível, como se as decisões do quotidiano não nos politizassem…) ou se acaso assumissem ou professassem alguma política partidária era a de direita (mais concretamente a corrente jardinista do PPD/PSD – Madeira).

3. Quando é que te envolveste nas primeiras questões partidárias?
___ Partidárias, só mesmo há 10 anos, ante as políticas socialmente desumanas (por ter condenado tanta gente à pobreza, desemprego, emigração forçada, etc) de Passos Coelho – Portas- Troika. Não se pode ficar indiferente à condenação de milhares de famílias, jovens e idosos a sacrifícios infra-humanos (houve idosos que adoeceram e até morreram por não poder pagar o aquecimento no inverno, por não poder aviar medicamentos face à redução das suas reformas já miseráveis), quando ao mesmo tempo se assistia ao enriquecimento de uma minoria (bancos, multinacionais, etc.) que “engordava” à conta dos custos da crise para os mais pobres e mais atingidos.

4. Quais são os valores da esquerda com que mais te identificas?
___ Humanismo. Igualdade. Liberdade. Fraternidade.
(sim, tenho bem presente o lema da revolução francesa, que curiosamente, ao que consta, é da autoria de um humanista cristão. .

5. Como é que explicarias a um jovem que vai votar pela primeira vez as diferenças entre a direita e a esquerda?
___ Antes de mais, jamais doutrinaria alguém. O máximo que fiz e faço é “explicar” as minhas acções e argumentar as minhas escolhas, ressalvando que as conclusões cabem à reflexão de cada um e à sua própria percepção do mundo.
Dir-lhes-ia que sou de esquerda – e em aposição ao que respondi no nº 2 – porque defendo o “movimento” e não a “ordem”; porque rejeito o conservadorismo e o comprometimento da liberdade de escolha individual; porque defendo a intervenção do Estado nos principais sectores (os denominados sectores estratégicos) da economia; porque não concebo qualquer associação do Estado com a religião, o que na direita é prática comum; porque a direita é tendencialmente mais inigualitária que a esquerda e mais propensa ao elitismo e ao nacionalismo. E é também mais pessimista e desvaloriza a utopia, a tal que, parafraseando Galeano, nos faz caminhar, mesmo que o caminho se afaste “dois ou dez passos do horizonte”, a “utopia serve para que nunca deixemos de caminhar”.

6. E a diferença entre social-democracia e socialismo?
___ Curiosamente, ainda há quem inclua a social-democracia e o socialismo na ala da esquerda e isso remete-me sempre a Francisco de Sá Carneiro que incluía o marxismo no seu programa e defendia a inscrição do PPD na Internacional socialista. Mas se é verdade que a origem da social-democracia é o socialismo, hoje nem uma variação deste o é, para mais quando é evidente que defende um sistema económico capitalista tão divergente da colectivização dos meios de produção que o socialismo defende. No que respeita a políticas sociais, a social-democracia alia-se ao centro-direita, ou seja, substitui o combate à raiz da pobreza (com trabalho bem remunerado e com direitos) pelo assistencialismo e pelo sacrifício do bem-estar humano em prol da economia e não o contrário. E para mitigar os percalços do capitalismo, socorre-se das teorias “keynesianos” com créditos subsidiados, gastos públicos levando a défices públicos que penalizam sempre os socialmente mais vulneráveis. Não é aceitável que o capitalismo coexista com altos níveis de pobreza de uma maioria.

7. E o que é afinal a democracia social cristã?
___ Olha… boa pergunta – é que ao certo não sei como é que os princípios cristãos se diluem na direita para se reassumirem de forma mesclada entre o liberalismo e o conservadorismo democrata-cristão. Por um lado defende sociedades hierarquizadas, mas também a solidariedade entre as diferentes classes. Mas também prima pela moralização social e doutrinação religiosa, e por outro lado pelo pluralismo ideológico, mas rejeitando a tolerância ético-moral dos liberais, como nas questões do aborto, adopção monoparental, eutanásia, etc.
Além do mais é-me incompreensível que se defenda a economia de mercado e uma sociedade personalista onde se destaca a propriedade privada e ainda assim se advoguem os direitos humanos e a igualdade – bem, talvez se entenda quando tem como intento inculcar a sociedade de valores morais cristãos onde a “caridadezinha” dos ricos é a salvação dos pobres.
“Se o homem não for capaz de organizar a economia mundial de forma a satisfazer as necessidades de uma humanidade que está a morrer de fome e de tudo, que humanidade é esta? Nós, que enchemos a boca com a palavra humanidade, acho que ainda não chegámos a isso, não somos seres humanos.” (Saramago).

8. Subjacente ao comunismo subsiste a ideia da supremacia do social ao individual. Concordas?
___ Não. Ou melhor, não concebo o comunismo sem a definição do individualismo identitário. Sendo o comunismo uma política do colectivo como é que tal pode ser alcançado se se anular a individualidade? Ou não é o colectivo a harmonização de multiplicidades individuais? Como é que se pode integrar o colectivo anulando-se a si mesmo? Ao comunismo deve estar subjacente a diversidade de indivíduos que se reúnem num propósito comum: o bem-estar para todos, a felicidade. E tal só é possível se houver espaço para a manifestação e afirmação da diferença que nos é humanamente intrínseca; e se houver a consciência da necessidade da partilha material equitativa, da cooperação e da igualdade e indiferenciação de classes.

9. Que esquerda é esta que abrange socialistas, bloquistas, verdes e comunistas?
___ Uma amálgama, nem sempre de esquerda – claro que neste último ponto estou a referir-me sobretudo ao PS que, lamentavelmente, na prática tem “engavetado o socialismo” e tem antes governado à moda capitalista e social-democrata. Ou seja, um modus operandi à imagem de um “capitalismo de bem-estar social” mas que na verdade penaliza uma maioria em benefício de uma minoria no que comporta ao bem-estar, alinhando-se aos interesses da burguesia.
Os demais partidos, de raízes fortemente revolucionárias, têm certamente muito mais em comum e que os una do que os faça divergir, ou não brotassem todos da génese marxista. No entanto, é evidente o denominado sectarismo de esquerda entre o BE e o PCP …

10. Porque é que persiste a ideia de que a esquerda [à esquerda do PS] é melhor no contrapoder ou então no poder das autarquias? O que é isso do contrapoder?
___ É verdade que vinga essa ideia, mesmo entre alguns opinantes e votantes de esquerda. Não admitem o BE, e menos ainda o PCP, como protagonistas políticos para além da esperada contrabalança a outro poder político maioritário. Não fica alheia a esta ideia a informação e contra-informação veiculada pela comunicação social e pela própria História, nem sempre isenta e muitas das vezes refeita à medida de quem a escreve…O “papão do comunismo” é uma ideia que subsiste como responsável e criador de grandes atrocidades humanitárias, o que certamente contribui, na dúvida, para esta ideia de o validar apenas como contrapoder. Mas a verdade é que nunca houve qualquer governação, ou país, comunista – houve (e ainda há), sim, e lamentavelmente, tentativas falhadas de socialismo. E sem o socialismo como precursor não é possível concretizar-se o comunismo.

11. Existe uma política cultural de direita e uma de esquerda? O que as distingue?
___ Sim. É das poucas questões que não me suscita dúvidas, neste inquérito. A direita defende o empreendedorismo cultural, a cultura como recreação, sobretudo, e fonte de lucro, e recusa a dependência da cultura do Estado; a esquerda reconhece a cultura como um direito (humano) capaz de educar e de incitar à reflexão, elementos basilares para a consolidação das democracias e coesão social. A Cultura é, comprovadamente, um dos índices de interferência no desenvolvimento e progresso social e humano o que é enaltecido pela própria Constituição da República Portuguesa que consagra a “democratização da cultura, assegurando o acesso de todos os cidadãos à fruição e criação cultural” – é esta a política cultural da esquerda.

12. António Costa é um líder à esquerda ou soube adequar-se às circunstâncias?
___ Tem-se adequado às circunstâncias, mas é um homem da ala esquerda do PS, sim. Não sendo um homem aglutinador, tem sido um líder aglutinador. Sendo um homem de pensamento aberto, não creio que seja um governante livre – livre do Capitalismo Monopolista e financeiro, por exemplo, o que é evidente na sua governação.

13. O que é que mais te surpreendeu pela positiva e pela negativa na ‘Geringonça’?
___ Pela positiva, mais do que me surpreender era expectável o recuo face a algumas políticas de Passos Coelho/Portas; a recuperação de rendimentos e a reparação de algumas injustiças sociais – aspectos possíveis graças à junção de esquerda PS-BE-PCP, e à maior pressão dos dois últimos.
A surpreender-me pela negativa: as alterações ao Código do Trabalho; a resistência à alteração da Lei de Bases da Saúde (ainda assim mais tarde concretizada); a não reposição total dos rendimentos dos trabalhadores portugueses; o grande aumento de impostos; a timidez em aprofundar (melhorar) políticas sociais. Tudo isto, apesar da mesma confluência à esquerda.

14. Não estranhas o facto de o PCP nunca ter tido uma líder partidária? E achas normal que em 46 anos de democracia e exceptuando os 100 dias de Pintasilgo nunca ter havido uma chefe de governo? E que dizer de um país que nunca teve uma mulher como a mais alta magistrada da nação?
___ Mais do que estranhar, lamento. Mas ainda há um legado machista que tem resistido a dissipar-se nos diferentes sectores sociopolíticos. Na verdade, o próprio feminismo que é tão só uma concepção social e filosófica que rebate a superioridade de qualquer género, pugnando antes pela igualdade dos dois, é ainda visto nestes sectores como o oposto do machismo, o que conduz a uma reactividade contra as próprias mulheres e uma forma de resistência activa a qualquer ascensão social e política das mesmas.
A sociedade – e por inerência a política – portuguesa ainda prima por uma espécie de patriarcado que vincula as lideranças de todas as áreas de desenvolvimento socioeconómico ao homem e não à mulher, que continua a ser conotada com a subalternidade – como se houvesse uma hierarquia biológica subliminar.
Lamentavelmente o nosso país, face a esta realidade, continua bem distante da almejada construção de uma sociedade mais justa, como defende o feminismo. E por tal, lamentavelmente, são responsáveis tanto alguns agentes da direita como de alguma esquerda, em Portugal.

15. Um político de direita [nacional e internacional] que admires e porquê?
___ Lucas Pires. Era um liberal e um humanista de direita que colocava o ser humano (o Homem) acima do Estado. Ouso dizer que era um verdadeiro social-democrata.
Da direita internacional, não me ocorre nenhum agora.

16. Um político de esquerda [nacional e internacional] que não te convence e porquê?
___ Nacional: Francisco Assis. Um político do PS com discurso, pensamento e acção de direita. Um conservador.
Internacional: Maduro. Engavetou o socialismo e nem honrou algum do bom legado de Chávez.

17. O PCP absteve-se na votação que decretou o estado de emergência e depois votou contra as renovações. Consideras que tem havido abuso na limitação de direitos, liberdades e garantias durante o estado de emergência?
___ Considero, sim, que tem havido aproveitamento dos estados de emergência para a adopção de medidas abusivas, nomeadamente no que respeita a atentados aos direitos laborais, por exemplo. Sob a capa da “responsabilidade devida”, do “perigo eminente”, a verdade é que desde que os mesmos foram decretados tem-se assistido ao caos no mundo do trabalho com atropelos vergonhosos à lei e direitos do trabalho.
É ver o desemprego que se tem agravado exponencialmente, os despedimentos colectivos que se têm anunciado, a pressão sobre os assalariados que os tolhe na defesa dos seus direitos. E quem não se lembra de tanta gente que continuou a trabalhar no cumprimento dos seus horários, mesmo sob o lay-off, e sem condições de segurança sanitária? E dos que foram forçados a revogar os contratos por “mútuo acordo”? E os que foram obrigados a tirar férias por imposição unicamente patronal no período de confinamento?
É verdade que esta é uma situação excepcional que nos apanhou a todos desprevenidos, impondo-nos esforços adicionais, mas usar o estado de emergência para atingir os socialmente mais vulneráveis, é antecipar uma grave crise social, de pobreza e miséria, perpetrada pela falta de ética e moralidade de algum patronato.

18. Faz falta em Portugal um partido de direita conservador forte?
___ Não! Não faz falta em Portugal nenhum partido populista e nacionalista – Já “chega”, não?! 
E para mais racista, xenófobo, chauvinista, homofóbico, sexista, misógino, liberal na economia e opositor da presença do Estado na economia. Isto já para não falar na contradição dos seus discursos no que respeita à corrupção e clientelismo (quem não se lembra do líder deste partido português ter desculpabilizado e minimizado a detenção do Steve Banon por fraude?).
Era o que faltava Portugal não cumprir a Constituição e deixar de prestar serviços públicos na educação e na saúde a todos os portugueses, indiscriminadamente, como defende este partido! (Que tem este partido que ver com o corpo e a saúde de cada um, impedindo, por exemplo, que a IVG e a mudança de sexo sejam comparticipadas pelo Estado?).
Não, Portugal não carece de herdeiros do pensamento político conservador com elementos liberais económicos. Nem de ideologias que não rejeitem as desigualdades entre os homens atribuindo-as à meritocracia e não a políticas que privilegiam uns em detrimento de outros. Nem de refundar o sistema político para presidencialista e menos ainda de referendar a Constituição da República Portuguesa que é, ainda hoje, considerada das mais progressistas e socialmente avançadas do mundo. E menos ainda de resgatar a pena de morte, quando temos a glória de termos sido o primeiro Estado soberano moderno da Europa a aboli-la!

19. A que se deve todo este circo mediático à volta de um partido de um só deputado conotado com uma direita não democrática?
___ É como o dizes, um circo, alimentado (vergonhosa e assustadoramente) pela comunicação social.
A verdade é que a insatisfação popular é generalizada e a crença e confiança na política e nos seus agentes tem diminuído – fruto de comportamentos condenáveis de alguns actores políticos que passam pelo abuso de poder, pela corrupção, pelo favorecimento de elites e agravamento das desigualdades… E tudo isto é rentabilizado oportunisticamente com fins eleitoralistas por populistas para quem a política é um trampolim para o poder e não uma via de serviço abnegado à polis, à causa comum e ao bem público.

20. Se tivesses que oferecer um livro [mas pode ser um poema ou um outro qualquer objecto artístico] a cada um destes políticos qual seria:
_ 20.1 António Costa
____ Oferecia-lhe um livro técnico que tenho em casa sobre “vacas”: o “Manual de Criação de Gado Bovino” de J. A. Ramagosa Vilá – é um tanto ou quanto chato, o livro, mas bastaria para elucidar António Costa de que as vacas não voam – mesmo! 
Com menos ironia, também lhe recomendava o “Assim foi temperado o Aço” de Nikolai Ostrovski – um livro de que gosto especialmente. Para lhe (re) lembrar o realismo socialista, o romantismo revolucionário e o socialismo enquanto consolidação da revolução que o seu pai, o poeta Orlando Costa, bem defendeu.
_ 20.2 Rui Rio
____“O Manifesto comunista” de Marx e Engels. Porquê? Porque diz que é o melhor “Kompensan®” para a azia de direita! 
_ 20.3 Catarina Martins
____A obra de Bernardo Santareno – política, neo-realista, interventiva, teatral e poética. A Catarina gostaria, estou certa.
_ 20.4 Jerónimo de Sousa
____ Oferecia-lhe Bertolt Brecht:
“Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis.”
_ 20.5 Francisco Rodrigues dos Santos
____ “O Dia do Terramoto” de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada. É infantil mas pode, de futuro, ajudar a evitar aquela expressão tão risível quanto burlesca a que todos assistimos em directo quando o próprio discursava num jantar, na Madeira, no momento do último tremor de terra na ilha.
_ 20.6 André Silva
____ “O naturalista amador” de Gerald Durrel.
_ 20.7 André Ventura
____ Como castigo sugeria “A cabana do pai Tomás” de Harriet Beacher, para começar. Depois passava logo para a obra do Soeiro Pereira Gomes e para os discursos de Álvaro Cunhal, como prescrição electiva para o seu populismo emético.
_ 20.8 Joacine Katar Moreira
____ “Flop: A história de um peixinho japonês na China” de Laurent Cardon. Porque é infantil e fala de um flop…
_ 20.9 João Cotrim Figueiredo
____ A obra de (John Maynard) Keynes – nada como tentar fazê-lo compreender a intervenção do Estado na economia. Tentar…!
_ 20.10 José Luís Ferreira / Mariana Silva
____ “Levadas da Madeira” de Thierry Proença dos Santos – O PEV é o impulsionador da elevação das Levadas da Madeira a Património Mundial da UNESCO. Seria um tributo ao PEV e um agradecimento pela iniciativa.

21.Independentemente dos candidatos às presidenciais já conhecidos quem seria aquele candidato que te encheria as medidas [e não conta aqui o voto útil, de mera simpatia ou porque se deve respeitar as orientações do partido X]?
___ Edgar Silva. Porque é um ser humano que preencheria todos os predicados do cargo: aglomerador; humanista; patriota; inteligente; bondoso; altruísta; lutador; capacidade de trabalho impressionante; com conhecimentos e cultura fora do comum… e é (mesmo!) das melhores pessoas que conheço – detentor de valores e princípios que pratica e materializa no seu dia-a-dia. Que melhores atributos seriam requeridos para representar um povo, um país?…

22. Se tivéssemos que comparar o mandato de Marcelo Rebelo de Sousa a uma coreografia, uma canção, uma peça de teatro ou uma obra cinematográfica qual seria, em tua opinião, a mais indicada?
(Ah ah ah!)
___ Olha, ocorre-me a música que oiço no momento: “Friday, I`m in love”, dos The Cure. Mas no caso do professor Marcelo teria de ser adaptada: “Every day, I`m in love” – ou não fosse ele o presidente permanente dos “afectos”  .
_ 22.1. E o de Ferro Rodrigues?
____ Não é nada do que do que propões, mas é um chavão que daria título a uma canção, peça de teatro ou obra cinematográfica subversivas: “ Quem se mete com o PS leva”.
_ 22.2 E de Lucília Gago?
____ E depois de tantas questões havia de acontecer: não tenho resposta para esta.
Bem… tendo em conta a justiça ficcional do nosso país, talvez lhe “desse de barato” o filme “Batman vs Superman A origem da Justiça”.
_ 22.3 E o do Banco de Portugal?
____ Ora… só me ocorre o “MONEY, MONEY, MONEY” dos Abba .

23. Que pergunta gostarias de fazer [e ainda que não gostasses] a:
_ 23.1 Maria Vieira
____ Oh Maria??? – Tivemos o exemplo do fascismo hitleriano que eliminou da Alemanha os artistas que expressavam a Liberdade e obrigou outros a converter-se em lacaios como Leni Riefenstahl – sim, eu acredito que ela foi obrigada a fazer propaganda nazi, nenhum génio seria capaz de criar contra a sua convicção e consciência, que é porventura o maior pressuposto e precursor da arte, a não ser … por sobrevivência ou coação – e tu, em pleno século XXI defendes o totalitarismo que se serve da arte como forma de difusão ideológica – torpe e populista??? Mas tu és mesmo artista, Maria? 
_ 23.2 Rui Pinto
____ Não é um herói, como propaga a Ana Gomes. Tendo tocado com o “dedo na ferida” da corrupção futebolística (e não só?) e denunciado a podridão do sector, não pode lavar as mãos do aproveitamento financeiro que tentou mas que se logrou. A sério que ainda se quer passar por herói em vez de um ser humano” demasiado humano” que se deixou tentar por uma falsa janela de oportunidades?
_ 23.3 António Ramalho [Novo Banco]
____ Sendo o presidente executivo do Novo Banco e face à realidade das perdas do mesmo, denunciadas recentemente em auditoria, crê mesmo que nós, os lesados – os portugueses pagadores das vossas “falhas” operacionais, como as tais vendas de imóveis etc. – acreditamos que o Novo Banco não fez “negócios por baixo da mesa”??? 
_ 23.4 À Administração do Correio da Manhã
____ Socorro-me de uma questão de autoria do Mário de Carvalho: “Ó jornalistagem, ó pardalada! Ninguém vos vai à mão por fazerdes tanta batota?”
_ 23.5 Ana Loureiro, a prostituta que dá a cara à legalização da prostituição
____ Oh Ana: sabes que querem legalizar a prostituição advogando um rol de argumentos falaciosos que esbarram “nos direitos das mulheres”, na “sua proteção social” ou na “liberdade de escolha”? Sabes que os resultados da legalização em países como a Holanda ou a Alemanha são de que: o sexo passou a ser uma indústria; os proxenetas tornaram-se empresários e legalmente podem explorar e traficar seres humanos, o que se tem traduzido, para eles, em lucros de milhões?! A sério que defendes que as mulheres, como tu e eu “trabalhem” durante horas a fio, para auferir uma ínfima parte do lucro (chegam a pagar a “montra”, o quarto e os cuidados de higiene e saúde do seu bolso, na Holanda), e chegada a uma idade que pode rondar apenas os 25 anos, são substituídas, quais mercadorias, por pessoas mais jovens e mais “rentáveis no mercado da oferta e da procura”? A sério que concordas que as mulheres se reduzam a meros corpos desvalorizados e clivados, física e psicologamente? E que se aprofunde dramaticamente a desigualdade entre mulheres e homens, dizimando-as ao “serviço” de homens, com o único propósito de comprar prazer? Mas o peso do teu próprio (e pessoal) sofrimento tem mesmo de se prolongar por outras mulheres? (ou homens).  Tuas, nossas – filhas, sobrinhas, enteadas, mães, irmãs, amigas… etc.?
_ 23.6 A duas Graças: (i) Graça Freitas e (ii) Graça Fonseca.
Se “uma desgraça nunca vem só”, duas Graças (com maiúscula) também não. 
____ Não é que tenha subscrito e defendido todas as vossas posições/afirmações mas admiro-vos pela resistência ante um momento (delicado, conturbado e incapaz de se conhecer realisticamente e na sua totalidade, para já) capaz de derrubar qualquer um pessoal e politicamente, por mais experiente que o fosse. Porém, vocês têm resistido. Como? (obrigada!- eu acho que já teria sucumbido a tanta pressão e não me tenho pela menor das resistentes e teimosas…).

24. Usar as redes sociais como ferramenta política terá algum efeito útil. Em que sentido?
___ Bem… há uns tempos rebatia essa hipótese, considerando-a fútil para a materialização politica. Mas qual não foi o meu espanto quando certo dia, enquanto deputada, ouvi a argumentação” que assentava no “diz que disse” da “bilhardice” internética. E fez eco no plenário daquele dia em termos de discussão…
Mas é incontestável que as redes socais poderão ter sido responsáveis por fenómenos tão assustadores quanto regressistas como o bolsonaro ou o trump (desculpa-me as minúsculas, mas são intencionais, reservo as maiúsculas tão só a quem, como Prometeu, enfrenta o Olimpo em defesa da Humanidade). As redes sociais massificam ideias (ideologias), é um facto – que o sejam sempre em prol da humanidade, do humanismo e dos direitos humanos!

25. Para terminar, indica-me uma peça de arte que mais convoque o teu sentido social e/ou político [essa imagem ilustrará a tua entrevista].
___ (Giuseppe Pellizza da) VOLPEDO, o impressionista que resumiu/ ilustrou o meu ideal político: “O Quarto Estado” – trabalhadores, homens e mulheres, que marcham em protesto, sem violência, unidos por ideal comum. E vitoriosos.

Muito Obrigado Silvia!
Luís Galego
09.09.2020

mm
Luís Galego
luis.galego@defesa.pt

Quadro Superior do Estado. Estudou História, Sociologia e Direito - Ciências Jurídico-Políticas, em diferentes graus académicos. Interesses: artes do espetáculo/literatura/short stories/ poesia/artes plásticas/ tertúlias/britcom/viagens/património/história da cultura e das civilizações/história das artes e da língua/sociologia da cultura/direitos humanos.

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