04 Jan João Ferreira, um candidato “sem esqueletos no armário”
O João Ferreira não tem “telhados de vidro” nem “esqueletos no armário”; tem dado provas que não se move por interesses já bem enraizados nas denominadas elites políticas e socioeconómicas portuguesas, nem tão pouco está preso a clientelismos.
Dizem-me – e creio que sem propósitos de qualquer desfeita ou provocação – quando afirmo o meu apoio ao candidato João Ferreira para a presidência da República: “Ah, é muito novo” (faço um aparte antes de discorrer neste “argumento” de rebate ao voto no João Ferreira: chega a ser risível, mas também elucidativo que para muita gente as críticas aos candidatos pelo PCP passem pela idade – Jerónimo de Sousa seria demasiado “velho” para ser reconduzido como secretário geral do partido; mas Marcelo Rebelo de Sousa com a mesma idade não é criticado por ir assumir mais cinco anos de presidência; João Ferreira, por sua vez, é demasiado jovem para o cargo, mas tal fundamento não se coloca a outros candidatos de idade similar…).
Certo, é que para se exercer o cargo de Presidente da República Portuguesa, 35 anos é a idade mínima exigida pela Constituição, e pela lei eleitoral, portanto arruma-se já o argumento com a lei magna do país. Mas esta condição etária do João Ferreira tem mais-valias, pois o próprio representa uma larga fasquia social de adultos que cresceram com os “valores de Abril” (uma parte significativa da população portuguesa nasceu e cresceu depois da Revolução de Abril e já com a Constituição em vigor) mas que hoje se vêem confrontados com a precariedade laboral; tendo já filhos, e sendo uma geração mais qualificada que a anterior, muitos estão confrontados com o desemprego e quando o têm, não são raros os que usufruem de salários baixos. E faz falta um presidente da República que se reveja nesta realidade preocupante que afecta a geração tanto seguinte (sobretudo na garantia dos seus direitos sociais) tanto a anterior, que é quem mais ampara hoje os precários e desempregados nascidos na década de 70. Não tenho dúvidas que João Ferreira seria a voz de todos os trabalhadores portugueses: os da TAP, os da hotelaria e restauração e todos os demais, em particular os que têm visto os seus direitos laborais, trabalho e salários sonegados com a “desculpa” da pandemia. O João Ferreira não tem “telhados de vidro” nem “esqueletos no armário”; tem dado provas que não se move por interesses já bem enraizados nas denominadas elites políticas e socioeconómicas portuguesas, nem tão pouco está preso a clientelismos. É um candidato de esquerda, sim, claro, assumido, sem ser radical (pelo contrário, é dialogante, aglomerador…) e que se demarca claramente do retrocesso que um outro candidato quer para o país: xenofobia, racismo, sexismo e misoginia, castração, ovariectomia em mulheres, retorno da pena de morte, e prisão perpétua. Portugal não carece de populismos (que se aproveitam perigosamente dos desiludidos com muitas das políticas vigentes) nem do retorno a políticas obscurantistas!
João Ferreira é um candidato que defenderá indiscriminadamente todos os portugueses, com a cultura democrática legada por “Abril”, a mesma que contrariou o fascismo e o neo-liberalismo entretanto adoptado por alguns partidos; a mesma que garantiu políticas universais de saúde e a democratização do ensino; a mesma que assegurou a igualdade na vida para homens e mulheres; a mesma que protegeu socialmente os mais vulneráveis socialmente (crianças, idosos e minorias) e que atribuiu subsídios remuneratórios aos salários, e férias e protecção nas baixas e desemprego, para todos os trabalhadores. Ou seja, fará cumprir a Constituição que é a incumbência primeira do presidente da República – o seu primeiro juramento é o de “defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa”, travando o perigoso recrescimento neo-fascista, garantindo “a unidade do Estado e o regular funcionamento das instituições democráticas”, e a constitucionalidade das leis.
Porque a Constituição é o suporte e a garantia dos direitos de todos os portugueses, voto no João Ferreira. Votar no João Ferreira é votar num candidato que está não só no lado justo da História como nos devolve a esperança que nos próximos tempos a Democracia em Portugal nunca será corrompida.
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Nota: artigo de opinião previamente publicado no Jornal Económico
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