João Ferreira, um candidato “sem esqueletos no armário”

João Ferreira, um candidato “sem esqueletos no armário”

O João Ferreira não tem “telhados de vidro” nem “esqueletos no armário”; tem dado provas que não se move por interesses já bem enraizados nas denominadas elites políticas e socioeconómicas portuguesas, nem tão pouco está preso a clientelismos.

Dizem-me – e creio que sem propósitos de qualquer desfeita ou provocação – quando afirmo o meu apoio ao candidato João Ferreira para a presidência da República: “Ah, é muito novo” (faço um aparte antes de discorrer neste “argumento” de rebate ao voto no João Ferreira: chega a ser risível, mas também elucidativo que para muita gente as críticas aos candidatos pelo PCP passem pela idade – Jerónimo de Sousa seria demasiado “velho” para ser reconduzido como secretário geral do partido; mas Marcelo Rebelo de Sousa com a mesma idade não é criticado por ir assumir mais cinco anos de presidência; João Ferreira, por sua vez, é demasiado jovem para o cargo, mas tal fundamento não se coloca a outros candidatos de idade similar…).

Certo, é que para se exercer o cargo de Presidente da República Portuguesa, 35 anos é a idade mínima exigida pela Constituição, e pela lei eleitoral, portanto arruma-se já o argumento com a lei magna do país. Mas esta condição etária do João Ferreira tem mais-valias, pois o próprio representa uma larga fasquia social de adultos que cresceram com os “valores de Abril” (uma parte significativa da população portuguesa nasceu e cresceu depois da Revolução de Abril e já com a Constituição em vigor) mas que hoje se vêem confrontados com a precariedade laboral; tendo já filhos, e sendo uma geração mais qualificada que a anterior, muitos estão confrontados com o desemprego e quando o têm, não são raros os que usufruem de salários baixos. E faz falta um presidente da República que se reveja nesta realidade preocupante que afecta a geração tanto seguinte (sobretudo na garantia dos seus direitos sociais) tanto a anterior, que é quem mais ampara hoje os precários e desempregados nascidos na década de 70. Não tenho dúvidas que João Ferreira seria a voz de todos os trabalhadores portugueses: os da TAP, os da hotelaria e restauração e todos os demais, em particular os que têm visto os seus direitos laborais, trabalho e salários sonegados com a “desculpa” da pandemia. O João Ferreira não tem “telhados de vidro” nem “esqueletos no armário”; tem dado provas que não se move por interesses já bem enraizados nas denominadas elites políticas e socioeconómicas portuguesas, nem tão pouco está preso a clientelismos. É um candidato de esquerda, sim, claro, assumido, sem ser radical (pelo contrário, é dialogante, aglomerador…) e que se demarca claramente do retrocesso que um outro candidato quer para o país: xenofobia, racismo, sexismo e misoginia, castração, ovariectomia em mulheres, retorno da pena de morte, e prisão perpétua. Portugal não carece de populismos (que se aproveitam perigosamente dos desiludidos com muitas das políticas vigentes) nem do retorno a políticas obscurantistas!

João Ferreira é um candidato que defenderá indiscriminadamente todos os portugueses, com a cultura democrática legada por “Abril”, a mesma que contrariou o fascismo e o neo-liberalismo entretanto adoptado por alguns partidos; a mesma que garantiu políticas universais de saúde e a democratização do ensino; a mesma que assegurou a igualdade na vida para homens e mulheres; a mesma que protegeu socialmente os mais vulneráveis socialmente (crianças, idosos e minorias) e que atribuiu subsídios remuneratórios aos salários, e férias e protecção nas baixas e desemprego, para todos os trabalhadores. Ou seja, fará cumprir a Constituição que é a incumbência primeira do presidente da República – o seu primeiro juramento é o de “defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa”, travando o perigoso recrescimento neo-fascista, garantindo “a unidade do Estado e o regular funcionamento das instituições democráticas”, e a constitucionalidade das leis.

Porque a Constituição é o suporte e a garantia dos direitos de todos os portugueses, voto no João Ferreira. Votar no João Ferreira é votar num candidato que está não só no lado justo da História como nos devolve a esperança que nos próximos tempos a Democracia em Portugal nunca será corrompida.

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Nota: artigo de opinião previamente  publicado no Jornal Económico

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Sílvia Vasconcelos
vasconcelos.silvia@gmail.com

Médica Veterinária, doutorada em Ciências Veterinárias, componente biomédica sobre os benefícios dos animais para saúde mental dos seres humanos. Actualmente dirigente nacional e coordenadora regional do Movimento Democrático das Mulheres, foi também deputada pela CDU na Assembleia Legislativa da Madeira. Foi ainda actriz no Teatro Experimental do Funchal, integrando vários projectos artísticos de teatro e de televisão desde 1986.

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