02 Dez Eduardo Lourenço (1923-2020), as artes, as ideias e a política
Conheci Eduardo Lourenço (1923-2020) pessoalmente nos tempos em que colaborei mais intensa e regularmente com a Finisterra – Revista de Reflexão e Crítica, uma revista de pensamento e ação política, que ele dirigia (mais a titulo honorifico e simbólico do que executivo…) há muito tempo e creio que mesmo até à data da sua morte, hoje. Era uma pessoa muito afável, com uma grande bonomia, com um fino sentido de humor e uma sofisticadíssima inteligência, apesar da já avançada idade (quando o conheci)…. Conheci-o apenas superficialmente, sublinho, apesar de já antes ter lido vários livros dele, mais ou menos ligados à política, o Labirinto da Saudade – Psicanálise Mítica do Destino Português ou O Complexo de Marx ou o fim do desafio português.
Pela mão do amigo Vitor Navalho «escrevi» (tratava-se na verdade de uma apresentação oral passada a escrito pelos organizadores, e depois revista pelos autores) até um texto, fruto de uma conferência, tal como todos os outros textos do ciclo de conferências organizadas pelo Vitor Navalho e pela Ana Mateus, num livro em que ele também era autor: Portugal, o Futuro é Possível, Volume 1. Ele era também um colunista histórico do Jornal de Letras, onde eu passei a colaborar apenas recentemente, desde maio de 2017.
Um dos livros que li dele, A Esquerda na Encruzilhada ou fora da História? Ensaios Políticos, tem um título que se revela inesperadamente muito pertinente e oportuno na conjuntura atual!…
Compagnon de route dos socialistas portugueses e europeus, radicado em França, Eduardo Lourenço era um grande intelectual ao velho estilo enciclopedista e holístico, com uma notável e compreensiva visão interpretativa da identidade portuguesa e europeia. E tocava várias guitarras, da literatura à filosofia, passando pelas artes plásticas e até à política.
Não sou propriamente a pessoa mais adequada para escrever sobre a obra de Eduardo Lourenço, mas em homenagem ao grande intelectual português permito-me recomendar vivamente o filme do Miguel Gonçalves Mendes para melhor se conhecer o homem e o seu pensamento sobre Portugal e a Europa, de uma forma sintética, mas precisa e fiel, tal como divertida: O Labirinto da Saudade.
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