07 Mar Deixou-nos um grande cineasta e cidadão português, um amigo: A-PV!
Morreu ontem, 6-3-2024, um grande cineasta e cidadão português, um amigo, de seu nome António Pedro Vasconcelos, A-PV no acrónimo que gostava de usar.
Primeiro, conheci o seu cinema, do qual gostava muito: um cinema de grande público, tecnicamente irrepreensível, amiúde próximo de temas candentes do momento (por exemplo, sobre os tempos da Troika, «Os gatos não têm vertigens», ou, sobre a suposta incorruptibilidade dos autarcas comunistas, um autarca comunista é corrompido por uma femme fatale: «call girl») ou ainda de temas literários de grande relevância («Amor impossível», uma adaptação livre e com cunho muito português, com uma estória da beira interior, de «O Monte dos Vendavais»). Tinha sempre a amabilidade de me enviar convites para as ante estreias dos seus filmes, a que eu acedia com muito gosto e honra. Ainda frequentei um curso de história do cinema ministrado por ele no El Corte Inglês, Âmbito Cultural, também em boa medida devido à sua mão amiga…
Depois conheci o cidadão engajado, com quem militei por várias causas (geralmente sob a sua liderança), nomeadamente contra a privatização da TAP nos tempos da Troika (movimento «Não TAP os olhos»), e ainda contra a privatização da TAP durante a maioria absoluta de Costa (no extraordinário flic-flac dos socialistas da maioria absoluta face socialistas dos tempos da «Geringonça»). A-PV era incansável no seu engajamento cívico, mesmo com a sua já provecta idade, morreu à beira de fazer 85 anos.
De tudo isso, em terceiro lugar ganhei um amigo, que nos deixou ontem! É uma grande perda para o cinema português, para sociedade e a democracia portuguesa, é uma grande perda para mim. Infelizmente, por compromissos profissionais não posso ir nem ao velório, nem ao funeral, mas deixo aqui as minhas sinceras condolências à família e amigos!
Fonte da foto: jornal Observador, por Tiago Santos.
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