
24 Jul Dark side of the moon, ou lua nova?
Há, como é sabido, um lado da lua que nunca é observado a partir da Terra, porque não está exposto ao Sol. Sabemo-lo todos, incluindo o primeiro-ministro. Só indo lá é que se torna possível saber como é esse lado, se é igual ou semelhante ao seu lado iluminado ou se, pelo contrário, esconde uma história insuspeita que obrigaria a uma nova compreensão sobre a natureza do satélite. Por exemplo, existir aquilo que os terrestres designam por vida que, no caso, preferiu adaptar-se ás condições para melhor sobreviver à curiosidade de quem sonha com a lua. Neste caso, a vida dificilmente se tornaria possível no lado virado para o Sol.
Ao declara ao New York Times que o país não passou ” do lado obscuro da lua para o lado brilhante”, o primeiro-ministro é equívoco na interpretação que faz da situação do país, se nos está a falar da fase de lua nova que há-de dar lugar à lua cheia, se nos está a prevenir de que nos iremos manter numa espécie de seres lunares, habitantes sombrios de um país de costas viradas para o Sol. Admitindo que a metáfora era benigna, que ao fim de quatro anos de mandato do seu governo o país tinha passado da invisível lua nova para o quarto crescente, a que se seguiria, pela ordem cosmológica da galáxia, a lua cheia, então havemos de concordar que tendo havido progressos ainda se está aquém do que a metáfora quer dar a entender. Que o caminho do lado escuro para o lado brilhante está a ser lento, mais o lento do que as condições políticas e económicas o permitem. O conflito social aí está para o demonstrar, muito devido à desigual distribuição da riqueza gerada, principalmente no que respeita às políticas sociais e ao investimento nos serviços públicos respectivos.
Pode, porém, o primeiro-ministro estar a olhar para o sistema solar e a fazer contas sobre a melhor altura para entrar no estado que mais se aproximasse do lado brilhante da lua, da lua cheia. Considerando essa hipótese de trabalho, uma vez que até ao outono de 2019 as condições astrológicas dificilmente o permitem, dada a intensa actividade que se irá verificar dos corpos celestes, há escolhas a fazer e decisões a tomar. A principal das quais é iniciar desde já a caminhada para que, em vez de quatro, sejam aproveitados os cinco anos que potencialmente estão à sua frente, dando-lhe o sentido que ficou inscrito no espírito dos acordos de 10 de Novembro de 2015. Ou seja, o espírito do lado brilhante da lua, da lua cheia.
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