A morte de um gigante da cultura portuguesa: Carlos do Carmo

A morte de um gigante da cultura portuguesa: Carlos do Carmo

Eu não sou muito de fado, confesso…. talvez preconceitos de juventude, talvez falta de conhecimento aprofundado, não sei…. gosto mais da musicalidade do fado, da alma portuguesa, mas fundida com a música pop e afins…. ou com músicas do mundo… Ou seja, de certa maneira foi a Naifa e outr@s que tais, como Anamar ou Ana Moura, etc., que de algum modo me reconciliaram com o fado, numa espécie de «transfado», ou fado fusão…. whatever….
Porém, adoro certas coisas da Amália, que é obviamente um portento do fado (!), como esta que descobri recentemente: «Encontro», Amália com o saxofonista Don Byas.
E, apesar disso, no Carlos do Carmo sempre reconheci, além de uma voz excecionalmente forte, límpida e afinada, um grande senhor do fado, uma espécie de grande teórico e prático do fado, com uma visão estratégica do dito, um trabalhador incansável, colaborando com seniores e juniores, nacionais e estrangeiros, com enorme projeção nacional e internacional, um grande dinamizador da candidatura do fado a património cultural da humanidade, junto da Unesco, e do Museu do Fado, em Lisboa, já para não falar dos prestigiadíssimos prémios para ele e para o país (o Grammy, o Goya espanhol, etc.)….
E ainda o grande impulso dele dado ao filme do Carlos Saura, «Fados», também na imagem deste post.
E ainda um cidadão empenhado na defesa das liberdades e da democracia, desde os tempos da ditadura!… que o Presidente Cavaco tentou amesquinhar…. (tal como a Saramago) sempre sem sucesso….
Em suma, apesar de o fado não ser a minha praia…. como disse, sempre tive uma enorme admiração e respeito pelo trabalho e pela pessoa do Carlos do Carmo!
Um grande senhor, na música, na sociedade e na política (e pelo que se sabe, também nas relações pessoais e nas amizades, no apoio aos mais jovens!)!
Paz à sua alma!
Portugal perde mais um dos seus grandes vultos!
André Freire
andre.freire@meo.pt

Professor Catedrático em Ciência Política. Foi diretor da Licenciatura em Ciência Política do ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa (2009-2015). É desde 2015 diretor do Doutoramento em Ciência Política do ISCTE-IUL. Investigador Sénior do CIES-IUL. Autor de numerosas publicações em livros e revistas académicas. Perito e consultor convidado de várias instituições nacionais e internacionais.

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